quinta-feira, 22 de março de 2012

"HOMENAGEM AO PROFESSOR"
AO VELHO MESTRE

O amor a humanidade o fez escolher a profissão de professor.O mestrado, um devoto a sua vocação.Acordava com as galinhas. Ia de ônibus até a periferia, ministrava aulas em várias classes há muitos anos. Seu tempo para aposentadoria já havia vencido. Mas ele insistia em continuar. Seu apelido entre os alunos era o “Mestre”.Em cada sala de aula uma explicação louvável, nunca saia da sala deixando dúvida para trás, se lhe faltasse a memória, ele prometia a pesquisa para a próxima aula, e cumpria sua fala.Aulas particulares, eram dadas por ele para seus alunos, de outras matérias a pedido deles.O nosso professor era um conhecedor de tudo que se tem notícia no mundo, tinha uma cultura geral invejável.Profeta! Poderia ser chamado assim tal a sua sabedoria. De Cidadania a Física ele dominava até as vírgulas. Houve uma manhã que o mestre não apareceu, algo acontecera, pois assíduo como ele era... Teria ficado doente? Na primeira aula ele não veio. Mas na aula seguinte lá estava ele. Um único imprevisto acontecera. O ônibus atrasou.A meninada, hoje já não olha os mestres com o respeito do passado. Para a atual juventude, um professor é apenas um ser que despeja a matéria e recebe seu salário. Ele, não é de forma alguma considerado um ídolo.Se esquecem que o mestre é de uma dedicação angelical, lecionar é um ato divino, é ensinar o ser humano a viver, desde a sua mais tenra idade.Quando no jardim da infância - já diz a bíblia “o caminho que ele aí aprender jamais esquecerá”.Aquela manhã, o velho mestre não amanheceu muito bem, mas mesmo assim chegou até a escola.Encaminhou-se para a sala onde com todo vigor, iniciou a aula, mas de repente, puxou a cadeira e sentou-se. Apoiou se à mesa, segurou a cabeça, entre as mãos como se descansasse, mas seus olhos se apagaram, sua pele mudou de cor. Os alunos perceberam e gritaram:- Professor! O senhor está bem?O velho mestre, malgrado seu não conseguiu responder...!!!
Marianice Paupitz Nucera -
SUFOCO

- Chegue prá cá, ficará melhor.
- Eu não vou, não vou e não vou!
- Mas minha querida esta é a nossa última chance. Se não fizermos isto agora, nunca mais conseguiremos sair desta situação.
- Mas amor, se viro de um lado, sinto que tudo cai, se giro do outro a dor é enorme. E você como se sente?
- Esqueço-me de tudo e procuro me mover, para que tudo se resolva.
- Mas as chances são poucas, ah!amor não agüento mais.
- Não perca as forças, respire com toda sua energia, a esperança nos conforta. Não feche os olhos sinta que uma fresta de sol nos atinge, se dói grite, é sinal de vida . mas não desista.
- Ai! Que dor, um peso enorme sobre minha cabeça, como dói.
- Querida, só mais alguns minutos e tudo se resolverá, tem que ter fé, nosso pensamento não pode se perder em devaneios, temos que nos concentrar, nossa vida está por um fio e só o ritmo esperançoso de nossa mente nos salvará.
- Marido, vejo um filme, desde nossa feliz adolescência, quando nos conhecemos. O encontro de nossos olhos, nosso primeiro beijo, o não frenético de meu pai :” Ainda é muito cedo para namoro! Tem é que estudar!”
Aquela vez da nossa primeira briga, por causa de uma amiga minha, achava que você não me queria mais.
- Oh! Amor pare de voltar ao passado, temos que ter pensamentos firmes agora, para que alguém os capte.
- O momento não é para devaneio. Concentração! Concentração!
- E aquela vez que lhe pedi uma prova de amor lembra? Disse-lhe quero a lua. E você me respondeu:
- Amanhã lhe trarei sem falta. Morri de ri.
No dia seguinte estava você lá com uma linda lua num papel laminado. Ah! Achei tão lindo, lhe abracei feliz. E você disse:
- Trouxe, mesmo que é de papel, mas é a lua. Nós rimos muito daquela façanha.
- Minha querida é bom recordar nossa vida, mas, amor, não agora. Nosso pensamento tem que estar sintonizado com o mundo lá fora, precisamos que alguém nos ouço, mesmo telepaticamente.
- Nosso amor é lindo, nada pode superá-lo, agora querida, como você está?Suas pernas, como estão? Você as sente? Eu estou numa posição nada confortável, mas acho que agüento até o final. Portanto amor pare de falar respire fundo e vamos aguardar alguém.
O silencio se fez presente, nem um nem outro falou mais uma palavra. Nisto um grito:
- Olhem aqui ! debaixo destes escombros, olhem parecem duas pessoas.
- Corram,estão precisando de Ajuda!
Os salvadores de vida, chegam ao local olham e dizem:
- Um casal, abraçados!
A equipe retira os corpos agarradinhos.
Um dos bombeiros em lágrimas diz,
- Que pena! Chegamos tarde!
Marianice Paupitz Nucera - escritora araçatubense e coordenadora do Grupo Experimental da AAL - Academia Araçatubense de Letras. 
LEALDADE

O cão daquela casa estava todo tristonho, parecia que sabia o que estava por acontecer, teve premunições diriam os mais crentes, como estava depressivo.
O sol que sempre lhe fazia companhia, se escondeu atrás das negras nuvens. Tudo estava muito tétrico.
Era silêncio naquele habitar, um carro na garagem, os jornais no alpendre.
De repente chega alguém, bate palmas. O cachorro ouvindo-as, não late.
O cão doméstico, sempre avisa o dono, quando chega alguém.
Mais palmas, interfone e, nada. Ninguém atende, ou aparece.
O animal se contem. Tudo é sepulcral.
O jardim mal cuidado demonstra ausência. Mudaram? Viajaram? Mas, e o carro?
É do ano! Teriam ido com ele. Estranho por que o cãozinho não late?
A pessoa no portão insiste, mais uma vez com palmas, mas ninguém aparece.
Entrar? Não há como. É invasão de domicilio.
Cansado de insistir, retira-se.
Em segundos, o Rex late, a porta se abre, os jornais são recolhidos, o carro sai. E lá de dentro ouve-se uma voz:
- E aí ele se foi?
- Foi pai, o Oficial de Justiça já foi.
Marianice

terça-feira, 20 de março de 2012

Olho por Olho


Ela está ao meu lado em lágrimas. Não de sangue.
As minhas sim, quando em tenra idade chorei.
Ao brincar de pega,pega,tropecei e cai sobre cacos de vidro, e um deles perfurou minha vista, deslizando  em meu rosto, um liquido púrpuro, como gelatina de framboesa.
Apesar de toda assistência médica, fiquei cego de uma vista.
Hoje, neste Ginásio de esporte, quando as luzes se apagam e os assistentes do jogo de vôlei se retiram , ela procura meu ombro para chorar um amor não correspondido.
Minha amiga, desde a infância, uma verdadeira alma gêmea, nós, com todas as afinidades possíveis na adolescência, cumplicidade, aonde ia um, o outro ia também. Até que um dia aconteceu o inevitável; a beijei senti correspondência, um frio na barriga, as estrelinhas brilharam e eu pensei: “ que maravilha ela também me ama”. E muito naturalmente lhe perguntei:
- Quer namorar comigo?
A reação dela foi espontânea:
- O que? Eu namorar um cego?   Ah! Só você mesmo para  pensar  nisto. Imagina! Um galo cego!? Ta doído? Jamais!Amigo sim,  namorado, nunca!
A tristeza tomou conta do meu peito, mas jurei vingança.
Numa conversa com um amigo tive uma brilhante ideia.
- Amigo, me faz um favor?
-Como assim?
Expliquei-lhe toda a situação e lhe disse meu plano. Ele seguiu todo o combinado.
Apesar da rejeição, eu,  continuava amigo da garota, por ela fazer questão.
A mesma  me fazia confidencias, até que um dia contou  que conhecera um rapaz de uma voz maviosa, apenas via internet, e celular . Ainda não o tinha visto pessoalmente. Era estudioso e muito ocupado.  Mas prometera que na primeira oportunidade, se apresentaria.  Apesar de  nunca terem  ficado, minha amiga se apaixonou.
E hoje,  no dia de um jogo importante, ele marcara de a encontrar na praça de esporte. Já marcara várias vezes, mas nunca apareceu.
Esta seria sua ultima chance, pois no dia seguinte ele partiria para um intercambio.
Do inicio ao fim do referido jogo, ela teve esperança de até ‘que enfim’ conhecê-lo
Mas nada! ele não apareceu!
Meu plano deu certo, senti o gosto frio vingança!

Marianice Paupitz Nucera
 A revolta

Dei um tapa na hipocrisia
Relutei contra a mentira
Avancei sem medir a linha

Enunciei um  limite
Agonizei no risco tênue da vida
Mergulhei no mar do universo
Vi  da  moeda o inverso

Transfigurei minha vida
Pensando numa tainha
Cai numa teia infernal
De aranhas arranjadas
Que ali enferrujadas
Cercavam a alma humana!

Marianice Paupitz Nucera


Respeito ´as diferenças


És um grilo,
Eu um asno,
És um carrapato, eu um cão.

Eu tenho patas,
Tu asas.

Eu sou de pelo,
Tu és de couro.

Diferentes  somos,
Eu sou o espinho,
Tu és  a pelúcia

No chão me arrasto,
Tu voas nos ares.

Nas árvores eu subo.
Nos galhos me penduro.

Tu inventas,
Eu  usufruo.
Tu te perpetuas,
Eu vivo na tua.

Eu sou um
Tu és outro

Não és igual,
Nem a mim,
Nem a ninguém.

A cada célula,
A cada átomo,
Nada é igual.

A digital
Da pele tua,
 A digital da minha pele.

Tua atitude,
A minha conduta.
 Não há igual,
Ninguém no mundo.

Daí,então, o respeito
`As diferenças
Minhas e tuas!

Marianice

domingo, 18 de março de 2012

A travessura

   
O riso , morde as orelhas
do garoto, que para o alto olha,
procurando  as telhas
das casas pequenas,
que rodeiam a selva,
onde, índios se vestem
com coloridas penas.

  Nisso, um rodamoinho,
Numa mágica coreografia
Dança no maior alinho.

E do meio do fenômeno,
Numa perna só, saltitando,
Aparece um garoto,
Com um roto boné vermelho
Tendo na boca um cachimbo.

 É o saci, moleque travesso,
Que, vira sempre tudo do avesso.
Vê, do menino, a alegria
E quer saber, da euforia, o porquê.

Zezinho, o garoto feliz,
 diz ao destrambelhado:
- Caiu o meu dente,
O  meu dente de leite!

 Arteiro como ele só,
Saltitando  numa perna só,
Agarra o menino,  apanha o dente,
Atravessa o rio de água quente!

 Zezinho, busca alcançá-lo.
Em altos brados, grita:- vou laçá-lo!
Dê-me  o dente... O meu dente de leite!


Na rapidez de um raio
Zezinho se aproxima
O saci num gesto ousado,
Atira o dente ao alto, dizendo:
_ Que nasça  outro bom!
Mas o fino dente, leve como pena
Flutua no ar e de repente cai:
Dentro de um fervente
Tacho de água e sabão!
Zezinho chora de pena!               marianice

sábado, 17 de março de 2012

A rua

           A Rua

 Buscando realizar sonhos,
 E não apenas comê-los,
 em balcões de padaria;
 atingindo a maior  idade,
 da minha terra parti.

 Atravessei  planaltos,
 Planícies e mares.
 Viajei pelos ares

Foram, tantas, idas e voltas,
Que um dia me cansaram.
 E hoje cá estou,
 A observar tudo e todos.

Uma rua que existe,
Perto da minha casa,
Não é a rua da frente,
É aquela    do lado.

Ali passei minha infância
A rua é rente a  fazenda
Onde existem  várias árvores
Uma densa selva verde

Rua Francisco de Alencar Rocha
 É o nome de um bombeiro
Que ali homenageado foi,
Por um ato heróico feito.
A vista é como a deixei
Uma fina terra vermelha,
Quando chove se assemelha
                                               A  um  grande favo de abelha.

O progresso  a ignora.
E a poeira quando venta
 É  aquela mesma de sempre

Antes, quando eu criança,
Ela era uma rua feliz
Tinha muita  esperança
Do vestido negro vestir.

Suas amigas todas vizinhas
Vestiram o pretinho  básico
Sem perceberem que a ruazinha
Passou a vida toda, nuazinha!

Marianice

sexta-feira, 16 de março de 2012

ELOS


Eu os tenho
São como anéis
Atingem-nos no viés
E, não se  vão como os dedos.
Elos
Eu me ligo a eles
São vários, indefinidos
Uns sem razões
Outros verdadeiros zangões
Elos
Eu os defino como fios
Fios incolores
Fios insossos
Fios inodoros
Elos
Perdidos e achados
Achados e perdidos
Arrepiados e alisados
Presos e soltos
Elos
Alinhavados, costurados
Derretidos, encorpados
Macios, ásperos
Elos
Agudos, sonoros
Intransigentes, indecentes
Elos
Que agregam e desagregam
Que acobertam e ferem
Que desnudam e alfinetam
Elos
Um dia lá no entardecer aparecem
E, quando menos se espera
Desaparecem no alvorecer.
Deixando no peito do elo que fica
A saudade que nasce doendo!

Marianice


REINICIANDO

Meus caros amigos leitores,
é com muita satisfação que recomeço o meu novo blog e solicito a todos
segui-lo.

Cada olhar que você deposita sobre as minhas letras é uma forma de carinho que eu retribuo com o meu mais sincero Muito Obrigada!.

Seja bem vindo!

A sua presença é importante para a existencia desta página virtual.
É para você que ela existe.
É por você, amigo leitor, que eu vou cuidar com carinho deste espaço.
Compartilhe comigo esta alegria.
Muito obrigada

Marianice