segunda-feira, 24 de junho de 2013

                       



                               Dia do Poeta


  P lanta n'alma a plenitude
  O mite o sofrimento
  e m vão, transformando-o em poema.
  T ira da tênue vida
  A dúvida do por quê ?

21/03/2013

     

Esquecida

 

Caminhando, a passos lentos numa praia de areia alva, avisto  assim de repente uma linda flor colorida.

A rosa ali solitária, como um diamante que brilha ao sol, leva lambadas do vento que do mar  vem em brisas, beijando as pétalas daquele ser em coma.

Sem acaso ou por acaso, alguém ali a colocou, oferecendo-a à iemanjá, ou talvez por um descuido caiu de alguma mão,  que a havia recebido como prova de uma grande amor.

São conjecturas, que a mente da gente martela, são suposições que nosso coração enreda.

Continuo ali parado, e sinto  o aroma  daquela rosa, que se  esvai, à aquele corpo já não pertence, foge prá não junto com ele fenecer.

Vejo-me agora sentado junto a tão pequena flor, observo mais e mais e percebo que as folhas  já murchas estão; dizem adeus, saindo de mãos dadas com as pétalas coloridas, fugindo daquela tristeza, não vendo então seu triste fim.

As ondas num vai e vem tenta levar para o fundo do mar o que resta da moribunda.

O pensamento voa, e penso muito além: Uma rosa que muito evento ornamentou, que muito amante ofereceu, a flor que enfeita do nascimento a morte, está agora neste momento assistindo seu triste fim.

Que ironia! Sem nada a lhe homenagear.

Ou em reflexão chego a conclusão que o mar é neste momento seu maior admirador.!

 

Marianice Paupitz Nucera

domingo, 23 de junho de 2013

O vício


A bicicleta vai devagar, um ser a dirige, como em alfa, parece levitar, o trânsito está um caos, mas o ciclista não entra naquele movimento, sua alma esta enlevada, esta é a impressão que passa.
Rapidamente, uma moto o ultrapassa, um ônibus, um carro, enfim, todos os veículos que costumam transitar por aquela avenida e, ele, introspectivo, não se envolve com o horário de pico.
O sol desponta-se no horizonte longínquo, iluminando aquela manhã, seus raios são verdadeiros fios de ouro, que como colares ornamentam o amanhecer caótico.

A bicicleta segue seu caminho, seus pneus tesos, sua corrente aguenta as pedaladas de um ser que visivelmente está completamente alienado, parece que alguém o conduz, tal é a sua indiferença a todo aquele movimento.

De repente, uma ambulância pedindo passagem, ele continua a sua peregrinação, apenas se afasta, como todos os carros, para dar passagem à transportadora de enfermos, suas pernas continuam a pedalar, agora chega a uma elevação que mais parece uma montanha, mas ele, firme, a transpõe.

Atravessa várias ruas que transversalmente cruzam a avenida , o suor em seu rosto brota, mas ele não percebe nada.

Passa um bairro, outro e mas outro, o trânsito diminui, o horário de pico também,e ele, com todo seu vigor, continua seu caminho.

Mais concentrado ainda, segue. Aquela pessoa franzina, cabelos negros que teimam em sair debaixo do boné surrado, suas botas de peão de construção civil gastas, a blusa de frio já surrada, barba por fazer, seu destino deveria ser uma construção.

É o que deduzem, mas num repente, ele sai da avenida e pega uma estrada vicinal. toda de terra, não há sombra de asfalto, mas a estrada está deserta, apenas algum gado pastando a sua beira. continua a sua jornada, para ele não interessa nada que ao redor está, quer chegar ao seu destino, logo de manhã  o mais urgente possível. Sua meta é chegar e chegar.

De repente, uma porteira se abre, ele continua a pedalar, até que alguém o recebe, ele muito rapidamente se acomoda nos fundos daquela casa de sapê, uma residencia rústica, campestre, alguém lhe traz algo que ele ansiosamente toma nas mãos, com um gesto rápido tira do bolso um isqueiro, acendendo aquele CACHIMBO DE  CRACK.


sexta-feira, 14 de junho de 2013

A inconsciente.

                                                 
Por Marianice Paupitz Nucera


                                  
 Inicio de semana, segunda feira, o tráfego  dos carros é pasmoso; nas calçadas crianças,  se acotovelando. É o quarteirão da escola, bicicletas, motos, tudo numa corrida incessante, o horário está em cima, tudo tem que ser muito rápido, todos decidiram sair de casa na mesma hora, é o rush, o pico, a insensatez da competição. De um jeito ou de outro se chega onde se quer. Um grupo de idosos caminha em uma calçada felizes da vida,  estão se dirigindo a um supermercado onde acontece à ginástica do Bem Estar, estão se prevenindo para uma velhice feliz.
                                  Naquela manhã, de tudo se vê, gente, cachorros.
                                  É o contraste da rotina diária, a felicidade por se estar fazendo o que se gosta (os idosos) e o resto da humanidade,  naquele momento,  a procura de um lugar ao sol. Ouve-se um grito:
                               -Creio em ti! Uma voz rouca  emerge de uma boca louca, de alguém que caminha  na ruidosa avenida;  ela vem como se não visse nada. Seu sorriso é inexistente, sua tez é alienada, não dá para notar naquele rosto nenhum sinal de sentimento.
                               É uma máquina andante, um robô cibernético, uma visão tenebrosa. Não se altera, quando os transeuntes a olham espantados.
            De onde surgiu aquela alma, sem definição, sem perspectiva sem destino, o que a torna tão ausente da humanidade?
                               Que humanidade é esta? Nada a faz parar, de chumbo são seus passos lentos, seu olhar não tem destino certo, é um piscar constante. Sua cabeça é como um carrossel descontrolado que gira sem noção.

                               Os braços caídos ao longo dos ombros são enormes e pesados, os longos cabelos sem uma cor definida esvoaçam com a lambida do vento.
                                Seus pequenos pés, de longe delicados, se arrastam como a puxar ou carregar algumas toneladas de desamor.
                                Quem é? De onde surgiu ou saiu tão indecifrável criatura?
                                A caminhada continua, ela não sente a presença dos carros que buzinam para evitar um atropelamento, pois ela atravessa a avenida, como se a mesma fosse deserta.
                                Ninguém se atreve a chegar até ela, pois aos olhos mundanos vê-se que está envolta por uma redoma.
                                Não há o que falar os olhos do povo que passa apenas olham e se angustiam , por nada poder fazer; é um fardo andante. Sem rumo, sem eira, nem se sabe se procura uma beira.
                    A avenida foi atravessada pela misteriosa transeunte, seus olhos frios se fixam em uma catedral da praça que surge no final da rua.
                    Para, olha para o nada, se descabela,  se joga ao chão, agora afloram os sentimentos engolidos durante quem sabe uma vida toda, e num gesto tresloucado, levanta do quente chão,  sai a correr entrando na igreja, não porque iria para  lá, mas ali entrou porque a porta estava aberta.
                    Ajoelha-se em um dos bancos, continua com o frio olhar para o nada,  vira a cabeça de um lado para o outro,  tira do seio branco e grita:
-Creio em ti!  E em seguida enxuga as lágrimas que lhe encharcam o negro rosto!